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domingo, 27 de novembro de 2011

6

eu tenho aquele breve pensamento
de que
hoje
amanhã talvez
ou mês que vem
você
alguém que ainda não sei
ou que talvez tenha sabido
há muito tempo atrás
apareça
e pegue meus medos carências feridas
as arranque de mim,
pegue minha mão e diga:
Esquece e vem comigo.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011

5

Achei esse trabalho de redação perdido nos meus arquivos...

Antes de tudo se perder

Até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo, quem roubou nossa coragem? E esta música que hoje num ímpeto começou a tocar numa faixa da memória. Ela me trouxe para o estado em que estou agora, sim, achei o CD, estava mesmo comigo, quero ouvir sempre, ouvi a banda hoje antes de botar o pé na rua. Me lembrou da época em que éramos jovens famintos por justiça, mudanças sociais e todas essas outras coisas meio hippies meio bregas ou seja lá como se define hoje em dia. Mas o que a rotina não faz não é? O que o comodismo não faz? Talvez seja por isso que todos nós nos tornamos essas peças de playmobil movidos a la sociedad. Droga. Sabe quando desencadeiam incontáveis memórias pela sua cabeça em um milésimo de segundo? Pois bem, ali estava eu na mesma rotina de sempre, correndo com o carro pra tentar não chegar mais atrasada no trabalho.

Enquanto isso na minha mente fico rodeada desses devaneios sobre o quão diferentes poderiam ser as coisas se eu tivesse feito escolhas diferentes. Mas tá tudo bem, tá tudo certo. A vida é isso não é não? Seguir em frente e apagar da memória parece ser o melhor jeito de resolver as coisas. O elevador do cartório. O elevador e a parede interna do cartório são de vidro transparente verde claro, nada de filme escuro violeta, assim deixam, para o meu espanto, entrar a luz. E é todo dia a mesma coisa. Passo pelos corredores e vejo aqueles casais felizes que mesmo não podendo pagar por uma festa de casamento, juntam suas trouxinhas e são felizes assim, com o pouco que tem e não tem nada não, se não tiver a farinha pra fazer o bolo meu bem, usa maisena e vê no que vai dar. Triste eu, 32 anos, vice-presidente de um dos maiores cartórios do Rio de Janeiro, salário maior que 10 mil reais por mês, um apartamento na zona sul, sem marido, sem filhos e com dois gatos. Aliás, essa história de que as mulheres que não casam acabam morando sozinhas e com gatos, bem, não é mito. Vai saber por quê... Mas garanto ser algo notável em todas as minhas (pouquíssimas) amigas que se encontram no mesmo estado que eu.

E mais uma vez. Tá tudo bem. Repito pra mim mesma: Tá tudo bem, tá tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, talvez um dia fique, ou não. Minhas tentativas frustradas de magnetismo pessoal vão por água abaixo mais uma vez. Começo a arrumar minha mesa no trabalho e olho o céu mais azul que já vira na vida através da janela, enquanto o sol lutava pra se pôr deixando somente uma pontada de luz com um ar fresco batendo na minha face. Levantei-me, fiquei de bruços em frente à janela e falei em um sussurro para mim mesma: “Repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.” Nada. E não tinha nome pra isso não, na verdade tinha sim, mas era o nome mais sem significados de que já pudera algum dia ouvir falar. Vazio.

domingo, 20 de novembro de 2011

4

e eu te quis demais
até tu não querer mais
mas tá tudo bem
meu bem

hoje eu acordei
sem ter mais o teu amor
que eu guardava achando que
era meu

mas no fim
eu tenho
o meu amor
por mim
ao contrário de você
que nem isso
deve mais ter

não que eu queira o seu mal
por favor não leve a mal
eu só
eu só
não lembro mais
como esquecer.

3

E talvez a gente se esbarre por aí, num dia qualquer em uma esquina qualquer. Você vai me olhar nos olhos eu vou te olhar nos olhos e uma vontade louca de termos um ao outro vai surgir. Os olhares se perdem. Eu vou. Você vai. Caminhos opostos. E continuamos esperando pela tal pessoa, que talvez fosse você, que talvez fosse eu. Mas tem coisas que a gente nunca vai saber...

2

e eu gritava
como se quisesse
que o mundo ouvisse
mas não saia nada
então eu continuei
parada
mas com uma vontade
exorbitante
por tudo que ainda
não foi
que vai ser
que será que já foi.

1

Chega em casa mais uma vez lá pelas 6:30 da manhã, vai tirando
suas peças de roupa enquanto caminha até a cama. Mais uma noite,
mais alguns copos de vodka misturados com alguma outra coisa e mais
um vazio no peito. Fechou os olhos e a noite passou em um flash.
Sorriu. Eram aqueles os únicos momentos em que o vazio desaparecia
e era ocupado por uma alegria inebriante. Mas ao
chegar em casa era sempre a mesma coisa, nem se olhar no espelho
ela conseguia mais. Sentia falta de alguma coisa, alguma coisa
não era mais a mesma. Ela não era mais a mesma. Se levantou e teve que
encarar o vidro do banheiro que refletia a maquiagem borrada e
o lixo que ela havia se tornado. Uma lágrima escorreu deixando
trasparecer sua visível decadência tanto externa quanto interna.
Lavou o rosto, voltou a se deitar em sua cama enquanto tentava
se agarrar a qualquer restinho de frieza que havia adquirido
desde que sua vida não passava apenas de um papel em branco que era
preenchido a lápis todas as noites e apagado em todo tempo que a restava.
E mais um dia passava e ela continuava a trancafiar toda a verdade, seus medos
e angústias dentro de si. Mas de vez em quando, aquela garota que vivia
sorrindo por aí e mostrando a todos sua aparente felicidade, caia em prantos
enquanto parecia segurar o mundo nas mãos e deixava seu verdadeiro eu vir a tona:
a mulher mais infeliz do mundo.

Escapismo disfarçado de realidade.

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